Você sabia que ficar sentado demais pode estar prejudicando seriamente sua saúde? A falta de atividade física está associada a pelo menos 19 condições crônicas, incluindo depressão, hipertensão e dor crônica. Mesmo assim, o sedentarismo ainda é uma realidade para quase metade da população brasileira.
Neste artigo, vamos explorar os efeitos de um estilo de vida sedentário na saúde, como ele se conecta com a dor crônica e por que a inatividade física deve ser tratada com a mesma importância que outros fatores de risco.
O Que a ciência diz sobre o sedentarismo
Uma das pesquisas mais relevantes sobre o tema foi conduzida pela Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. O estudo analisou registros médicos de mais de 40 mil pacientes, com o objetivo de verificar como a atividade física (ou a falta dela) afeta diretamente a saúde geral.
Utilizando um protocolo chamado Exercise Vital Sign (EVS), os pesquisadores aplicaram duas perguntas simples durante as consultas de rotina:
1. Em quantos dias da semana você pratica exercícios moderados a vigorosos (como uma caminhada rápida)?
2. Por quantos minutos, em média, você realiza essa atividade por dia?
Essas perguntas, que levam menos de 30 segundos para serem respondidas, permitiram classificar os pacientes em três grupos:
– Inativos: não praticam nenhuma atividade semanal
– Insuficientemente ativos: realizam entre 1 e 149 minutos semanais
– Ativos: praticam 150 minutos ou mais por semana
A simplicidade dessa abordagem esconde um poder imenso: os resultados revelaram uma relação direta entre o nível de atividade física e o número de doenças crônicas apresentadas por cada paciente.
Impacto direto na saúde: Os números não mentem
O estudo mostrou que os pacientes ativos apresentaram melhores indicadores de saúde física e mental. Especificamente:
- Depressão: apenas 15% dos ativos relataram sintomas, contra 26% dos inativos.
- Obesidade: 12% dos ativos eram obesos, em comparação com 21% dos inativos.
- Hipertensão: afetava 20% dos ativos, contra 35% dos inativos.
- Saúde cardiovascular: os ativos apresentaram melhor controle da pressão arterial, menor frequência cardíaca em repouso e perfis de colesterol mais saudáveis.
Além disso, a média de condições crônicas diagnosticadas foi:
– 2,16 entre os inativos
– 1,49 nos insuficientemente ativos
– 1,17 nos ativos
Essa progressão demonstra que até mesmo pequenos aumentos na atividade física podem ter impactos significativos na saúde.
As 19 condições associadas ao sedentarismo
A lista de doenças com maior incidência entre os pacientes inativos é extensa e preocupante. Entre as mais frequentes estão:
- Obesidade e sobrepeso: resultantes do desequilíbrio entre ingestão calórica e gasto energético
- Doenças cardiovasculares: como insuficiência cardíaca, hipertensão e problemas nas válvulas cardíacas
- Doenças metabólicas: diabetes tipo 2, dislipidemias e hipotireoidismo
- Distúrbios neurológicos: como convulsões e doenças que afetam o movimento
- Doenças respiratórias crônicas: como DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)
- Doenças hepáticas e renais
- Depressão, ansiedade e psicoses
- Doenças autoimunes e inflamatórias
- Abuso de substâncias
Muitas dessas doenças contribuem para o aparecimento e agravamento da dor crônica, o que torna o sedentarismo um dos fatores de risco mais importantes e, infelizmente, mais negligenciados.
Por que ainda somos tão sedentários?
Apesar das evidências científicas robustas e da ampla divulgação dos benefícios da atividade física, o sedentarismo continua sendo uma realidade. Há várias razões para isso:
- Falta de tempo: a rotina corrida faz com que muitas pessoas deixem o exercício para depois
- Desconhecimento: muitos não sabem que pequenas doses de atividade já são benéficas
- Medo da dor: quem vive com dor crônica teme que o exercício piore o quadro
- Ambiente desfavorável: cidades mal planejadas e falta de incentivo público à prática de exercícios
Além disso, muitos profissionais de saúde ainda não tratam a inatividade física como um fator de risco, o que contribui para a falta de conscientização entre os pacientes.
O que você pode começar a fazer hoje
A boa notícia é que não é preciso virar atleta para colher os benefícios da atividade física. Algumas mudanças simples no dia a dia já fazem diferença:
- Comece com caminhadas leves, mesmo que de 10 minutos por dia, e vá aumentando gradativamente
- Levante-se a cada 30 minutos, especialmente se trabalha sentado
- Faça alongamentos simples ao acordar e antes de dormir
- Substitua o elevador pela escada sempre que possível
- Participe de atividades prazerosas, como dançar, nadar, andar de bicicleta
- Procure acompanhamento profissional se tiver dor ou limitação de movimento
O mais importante é dar o primeiro passo e manter a constância. Seu corpo vai agradecer.
Mensagem para casa
A inatividade física não é apenas um hábito ruim: ela é um risco real à saúde. O sedentarismo está ligado a inúmeras doenças e pode agravar ou até causar dores persistentes. Por outro lado, a prática regular de atividades físicas, mesmo que leves, pode transformar sua saúde e sua qualidade de vida.
E lembre-se: não existe solução milagrosa, mas existe o movimento. Comece hoje, respeitando seus limites, e colha os frutos de um corpo mais saudável, ativo e livre de dor.
Precisa de Ajuda?
Se você convive com dor e sente dificuldade para se movimentar, entre em contato com a Clínica da Dor de Joinville. A Dra. Ana Laura Rocha pode te ajudar a encontrar um plano de reabilitação seguro, progressivo e adaptado às suas necessidades.
Posts relacionados
15/06/2025
Dor crônica e sono: entenda a relação entre os dois
Você sabia que entre 50% a 80% das pessoas com dor crônica sofrem também com…
15/05/2025
Fumando a dor para longe? A verdade nua e crua sobre cigarro e dor crônica
Você sabia que quase um quarto dos pacientes com dor crônica fumam? É um número…
15/04/2025
Síndrome da Dor Regional Complexa (SDRC): entenda, reconheça e busque o cuidado que você merece
A Síndrome da Dor Regional Complexa (SDRC) é uma condição de dor crônica que…